Quando uma pessoa que amamos morre, enfrentamos um processo de luto extremamente complexo, que provoca uma série de reações emocionais, psicológicas e até físicas, à medida que ajustamos à ausência e aprendemos a redefinir nossa relação com o que nos rodeia.
O luto não se limita apenas à tristeza; ele engloba diversas emoções, que variam de pessoa para pessoa. Inclusive, já é comprovado pela neurociência que o cérebro passa por algumas mudanças na fase de luto, refletindo biologicamente o impacto da perda.
Neste artigo, vamos explicar como o cérebro reage à perda de um ente querido e compreenderemos os principais processos neurobiológicos relacionados ao luto. Continue a leitura.
O que acontece com o nosso cérebro depois da morte de um ente querido?
No período de luto, é normal experimentarmos sentimentos como tristeza, raiva, culpa e medo, cuja origem é entrelaçada por uma série de interações acontecendo no nosso cérebro.
O processo de “vivenciar essas emoções” encontra base na ativação do sistema límbico, que engloba componentes, como o hipocampo, a amígdala e o hipotálamo e outras estruturas.
Por outro lado, a interpretação desses sentimentos recai sobre o córtex pré-frontal, uma região que associa memórias e experiências passadas. Assim, dessa interação, ocorre a fusão das informações, tanto emocionais quanto cognitivas.
Adicionalmente, esse sistema está associado às funções executivas, determinantes para a regulação dos pensamentos, controle das emoções e das tomadas de decisão. Os mecanismos de enfrentamento e até nossa habilidade de elaborar o luto e seguir em frente são resultantes da combinação única entre nossas vivências anteriores e as possibilidades que vislumbramos no futuro, quando confrontados com essas complexas emoções e situações adversas.
Quais sintomas são desencadeados pelo luto?
À medida que enfrentamos as intensas transformações emocionais decorrentes da perda de alguém que amamos, é crucial reconhecer que esses sentimentos, quando não devidamente elaborados, evoluem para sintomas físicos e emocionais mais complexos.
Esses sintomas servem como um alerta, indicando a necessidade de procurar ajuda profissional para lidar com o luto de maneira saudável. A seguir, apresentamos os principais indícios que caracterizam alguém que está passando por esse processo delicado.
Sintomas físicos
Indivíduos que atravessam o processo de luto frequentemente experimentam sintomas físicos que refletem a complexidade de suas emoções. Um sintoma amplamente relatado é uma dor intensa no peito, muitas vezes, descrita como uma pressão na região do coração. Por vezes, essa sensação é tão intensa, que algumas pessoas a confundem com problema cardíaco. Essa manifestação, conhecida como a “síndrome do coração partido”, é notavelmente prevalente durante as fases de luto.
Além disso, sintomas como distúrbios gástricos, tremores frequentes e hipersensibilidade ao ruído são experimentados. Especialmente, em casos de perda abrupta, são comuns problemas gastrointestinais, como dores de estômago, náuseas e distúrbios digestivos, sintomas que refletem a profunda conexão entre o estado emocional e as reações físicas durante esse período desafiador.
Sintomas emocionais
No âmbito emocional, o processo de luto também desencadeia uma série de sintomas complexos. Em alguns casos, a sensação de choque e negação encobre temporariamente a realidade da perda. Nesse estágio, talvez pareça difícil aceitar a ausência da pessoa querida, e é natural recorrer a mecanismos de defesa emocional para lidar com a intensidade desse impacto.
Embora a tristeza seja frequentemente a emoção central, o enlutado também experimenta um profundo sentimento de vazio e anseio pela presença da pessoa que se foi.
Sentimentos de raiva emergem, comumente direcionados à situação, à pessoa que partiu ou até mesmo a si próprio, por não ter feito mais. A culpa também pode se manifestar, acompanhada pelo desejo de ter agido de maneira diferente.
Em algumas pessoas, o luto causa ansiedade e medo em relação ao futuro desconhecido, com momentos de isolamento social e desinteresse por atividades que antes eram prazerosas.
Conforme mencionamos, é importante procurar por auxílio profissional caso os sintomas do luto estejam interferindo significativamente na qualidade de vida e no bem-estar geral.
Como lidar com o luto?
Agora que você já sabe o que acontece com o nosso cérebro depois da morte de alguém querido e conhece os sintomas relacionados ao luto, é importante discutir estratégias para lidar com esse processo desafiador.
Primeiramente, é fundamental reconhecer e validar suas próprias emoções, permitindo-se vivenciar o luto sem julgamento. O suporte de amigos, familiares ou grupos de apoio é um espaço seguro de compartilhamento de sentimentos e experiências.
A profissional, com psicólogos e terapeutas especializados em luto, é uma abordagem eficaz para navegar pelas complexidades emocionais. Esses profissionais oferecem ferramentas e estratégias de enfrentamento do luto, de maneira saudável e gradual, respeitando o ritmo e as necessidades individuais.
Honrar a memória da pessoa falecida, com cerimônias ou lembranças compartilhadas, auxilia na construção de um processo de luto que celebra a vida enquanto há a adaptação à ausência.
Lidar com o luto é um processo único e pessoal, mas o apoio, o cuidado de si próprio e a procura por recursos profissionais fornecem orientação e alívio durante essa jornada delicada.
Se você chegou ao fim deste artigo, parabéns por buscar compreender e enfrentar esse aspecto desafiador da experiência humana. Lembre-se de que o luto é um processo que não precisa ser atravessado sozinho.
Ao implementar as estratégias mencionadas e contar com o apoio das pessoas próximas, você conseguirá enfrentar as emoções e as mudanças do luto. A jornada não será fácil, mas, com o tempo, o autocuidado e o suporte apropriado, é possível encontrar modos saudáveis de lidar com essa transformação emocional e honrar a memória daqueles que partem.
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