Luto infantil: como as crianças entendem a morte?

Vamos falar sobre o luto infantil? O luto da criança é um tema sensível e delicado, mas que precisa ser abordado. É comum que os adultos tenham dificuldade em falar sobre a morte, o que acaba causando dúvidas e angústias nas crianças. Por isso, é importante que os pais, familiares e cuidadores saibam como lidar com essa situação e ajudar as crianças a enfrentarem o luto.

O que é o luto infantil?

O luto infantil é o processo de enfrentamento da perda de um ente querido na infância: morte de um familiar, amigo, animal de estimação, dentre outros. O luto infantil é uma fase natural do desenvolvimento emocional da criança e precisa ser respeitado e compreendido.

Como falar sobre o luto com as crianças?

É importante ter em mente a compreensão que as crianças têm sobre a morte, antes de explicar a partida de uma pessoa amada. Crianças com menos de 4 anos têm dificuldade em entender que a morte é definitiva; já entre 4 a 7 anos, elas já começam a compreender melhor o assunto. Após essa idade, a criança começa a experimentar o luto de maneira semelhante aos adultos, pois a compreensão sobre a finitude da vida é a mesma. 

A melhor maneira de falar sobre a morte com uma criança é com clareza e honestidade, ensinando o assunto da mesma forma que aprendem sobre outros aspectos da vida. Ao abordar a morte com crianças, é importante evitar frases no passado: “seu avô dormiu” ou metáforas como “sua avó agora é uma estrela”. 

Se essas frases forem utilizadas, é essencial explicar que a pessoa não voltará; caso contrário, a criança pode interpretar o diálogo de maneira literal e esperar o retorno da pessoa falecida.

A criança precisa entender que a morte faz parte da vida e que é um processo natural. Além disso, é importante que a criança tenha espaço para expressar seus sentimentos e dúvidas, e os adultos devem estar disponíveis para conversar e ouvir o que a criança tem a dizer.

Como a criança entende a morte?

A forma como a criança entende a morte varia conforme a idade e maturidade emocional:

  • Antes dos 3 anos: a criança enxerga a morte como ausência e pode acreditar que pode ser revertida;
  • Entre os 3 e 5 anos: a criança passa a fantasiar mais sobre o tema e pode acreditar que seus pensamentos e palavras têm poder sobre a morte. Isso pode levá-la a sentir culpa caso alguém com quem ela brigou faleça;
  • Dos 5 aos 9 anos: a criança entende que a morte é objetiva, definitiva e inevitável, mas pode ter dificuldade em expressar seus sentimentos e começar a questionar as crenças da família sobre o assunto;
  • A partir dos 10 anos: consegue pensar na morte de forma mais abstrata e formular hipóteses sobre as causas, além de perceber o impacto que a ausência causa nas outras pessoas. No entanto, a experiência da criança com a morte e a frequência com que o assunto é abordado também podem influenciar o entendimento sobre o tema.

Lembre-se de que, mais do que a idade, o que determina a compreensão da criança sobre a morte é a própria visão do assunto. Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria destaca a importância de ouvir a criança e entender como está lidando com a situação de luto. Dessa forma, é possível adaptar a abordagem ao nível de entendimento e proporcionar um ambiente de acolhimento e segurança para expressar seus sentimentos e emoções.

Fases do luto infantil

Uma imagem de uma criança visitando o túmulo de um ente querido

O luto infantil pode ser dividido em fases: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Vale ressaltar que essas fases não ocorrem necessariamente de forma sequencial, e os sentimentos podem oscilar várias vezes.

É essencial que os adultos respeitem o luto da criança e saibam que ela pode passar por essas fases de formas diferentes. Algumas podem ter reações mais intensas, como mudanças no comportamento e no apetite, enquanto outras podem estar aparentemente bem.

Luto infantil: sintomas

O luto infantil pode manifestar sintomas físicos e emocionais, como:

  • Tristeza;
  • Ansiedade;
  • Medo;
  • Culpa;
  • Raiva;
  • Apatia;
  • Desesperança;
  • Baixo rendimento escolar;
  • Alterações no sono e no apetite;
  • Dores de cabeça, no estômago ou no peito.

Caso esses sintomas se estendam por um período prolongado, é fundamental buscar ajuda profissional, para ajudar a criança a superar e seguir adiante.

Como a terapia pode ajudar com o luto infantil?

A terapia é recomendada para ajudar a criança a enfrentar o luto. O psicólogo pode auxiliá-la a compreender e expressar seus sentimentos, além de fornecer ferramentas para lidar com a dor da perda.

Algumas crianças podem se fechar e não querer falar sobre o assunto com as pessoas mais próximas, por medo de preocupá-las ou aumentar seu sofrimento. Com a ajuda de um profissional, é provável que se sinta segura para se abrir e compartilhar seus sentimentos com mais facilidade.

Além de ajudar a criança, a terapia também orienta a família sobre como lidar com a criança da melhor maneira possível durante essa fase.

Luto infantil e escola: como o ambiente pode ajudar

Para superar o luto infantil, é importante que a criança retome a rotina escolar, mas o ambiente deve ser acolhedor e preparado para a situação. Conversar com professores e coordenadores pode ajudar a identificar necessidades específicas da criança: aulas de reforço ou acompanhamento mais próximo, em razão da possível queda na capacidade de atenção e concentração. 

Algumas crianças podem querer compartilhar seus sentimentos, enquanto outras preferem se manter mais reservadas, mas, em ambos os casos, é fundamental serem tratadas com respeito e acolhimento.

Dicas para lidar com o luto infantil

Além da terapia e do suporte escolar, outras medidas podem ser tomadas para ajudar uma criança em processo de luto:

  • Permitir que a criança expresse seus sentimentos e saiba que é normal sentir tristeza e dor;
  • Conversar sobre os sentimentos que surgem após a morte de alguém querido, de modo a evitar fantasias de culpa, comuns em crianças pequenas;
  • Falar sobre a pessoa que morreu, compartilhar lembranças e manter fotos ou objetos que a lembrem, para que a criança perceba que a memória do ente querido permanece viva na família, mesmo que não esteja presente fisicamente;
  • Ajudar a criança a manter uma rotina saudável, com sono adequado, boa alimentação e atividade física regular;
  • Livros infantis que tratam de morte e luto podem ajudar a criança a lidar com seus sentimentos de perda.

Como você pode perceber, o luto infantil é uma experiência desafiadora para qualquer criança e sua família. Mas é importante reconhecer que se trata de um processo natural, e que cada criança tem sua própria maneira de lidar com a perda. 

Conversar sobre a morte com as crianças e oferecer suportes emocional e terapêutico são atitudes que ajudam a processar as emoções e a lidar com o luto de maneira saudável. Além disso, contar com um plano de assistência funeral pode ajudar a família enlutada a passar por esse momento difícil com mais tranquilidade, o que certamente se refletirá na maneira como a criança aprenderá a lidar com o luto.

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